Antes das lamentações, o bom: ir a Minas e receber tanto, tanto carinho (e não acertar uma tapioca, que vergonha). Umas crianças lindas, benzadeus. Ainda tem a beleza das amizades que a gente não precisa dizer nada, mas a gente diz mesmo assim porque, né, tão sabidas as ideias.
De Minas trouxe queijo, doce, cachaça e tanta, tanta saudade.
Olhar o futuro nos olhos e mergulhar na desolação.
Tô precisando de uma atualização da poesia do Pessoa, todos os amigos sendo, senão príncipes, valorosos e resilientes, aparando golpe a golpe com galhardia, e eu, ridícula.
É tanta desolação que nem celebrei convenientemente que agora o diploma tá valendo aqui na terra brasilis. Talvez porque eu perceba como isso é irônico, passa a valer quando a educação, a cultura, a ciência, já não parecem ter valor.
Eu e sinto partindo de mim. Já não é tão fácil o riso, já não é tão sempre a alegria.
Mirando: 26 de agosto.
Aída dos Santos, que mulher.
Tem esta foto do João Gilberto e ela sintetiza um tanto do que eu sinto: a possibilidade de um mundo mais delicado, mais elegante, mais bonito, partindo e me deixando tão, tão só.
E entre lágrimas lavo pratos, dobro roupas, corrijo trabalhos, limpo a geladeira, organizo temperos, rego as plantas, limpo banheiros, escrevo posts.
Talvez eu esteja matando meu cacto afogado.
Hoje meu pé tá gelado, não teve um esporte que eu tenha torcido e tenha rolado um resultado positivo. E hoje eu só vi tv. Ou seja.
Mas antes do futuro tem uma semana em Canoa Quebrada.
É melhor morrer de vodka do que morrer de tédio, disse Maiakovski. Brindo a isso enquanto acontecem-me coisas surreais. Segue o meu perfil quando me vejo assim: cara a cara comigo mesmo. Ou seja, meio de lado. Um mosaico com rachaduras evidentes. Nostálgica, mas disfarço com o riso fácil. Leio de tudo e com desespero. Escrevo sem vírgulas, pontos ou educação. Dou um boi pra não entrar em uma briga, o resto já se sabe. Considero importantíssimo saber rir de mim mesma. Nem que seja pra me juntar ao grupo. Certa da solidão, fui me acostumando a ser boa companhia. Às vezes faço de conta que sou completa, geralmente com uma taça na mão. Bebo cerveja, bebo vinho e, depois das músicas italianas, bebo sonhos. Holanda, por parte de mãe e de Chico. John Wayne, por parte de pai. Borboleta e Graúna por escolha e história. Tenho uma sacola de viagem permanente no meu juízo e a alma, de tão cigana, não para em palavra nenhuma. Gostaria de escolher meus defeitos, mas não dando certo isso, continuo teimosa. Não sei usar a nova regra ortográfica. Nem a velha, talvez. Amo desvairadamente. E tento comer devagar. Sei lá, pra compensar, talvez. Tem gente que tem a cabeça no mundo da lua. Eu não. Quando vou lá, vou toda. Sou questionadora, mas aceito qualquer resposta. Aspecto físico? Língua afiada e olhos cor de saudade. Gosto de fazer o que eu gosto. No mais, preguiçosa. Sabia o que é culpa, mas esqueci. Nada mais a dizer, prefiro andar de mãos dadas. E dormir acompanhada. Mas, bom, bom mesmo é sal, se você já leu Verissimo.
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