As pessoas se irritam com coisas que eu não ligo muito (tô nem aí se vão fazer Daenerys ser “louca”, ao contrário da leitura majoritária não entendo como uma questão de gênero mas de saída fácil de roteiro, é menos por ela ser mulher e mais pela Targeryanice dela).
Em compensação tem umas miudezas que me deixam realmente nos cascos e por causa delas eu nunca tive o apreço pela série que tenho pelos livros. Um exemplo: lá na primeira temporada (e primeiro livro) quando Daenerys é confrontada pelo irmão, é ela quem decide a punição dele, ir a pé o resto do caminho. Isso demonstra que ela começa a entender as regras do povo com quem cavalga, que entende os símbolos do poder e mostra como ela vai se construindo uma liderança. Na série o que acontece? Viserys parte pra cima dela, um dos drothaki barra o ataque laçando-o com o chicote, pergunta se deve matá-lo, ela protege o irmão, monta pra ir embora e o drothaki é que decide que Viserys volte a pé. A cena não acrescenta nada à evolução da personagem (vá lá, talvez demonstre que o khalasar já a reconhece a ponto de protegê-la – mas não por quem ela é, pelo papel que ocupa)
E sim, o brasil sendo devastado e eu aqui remoendo enredo de livro/série mas é assim que eu vejo o mundo e me posiciono nas lutas, embora com ideais parecidos com os da minha galera, muitas vezes dissonante em relação ao que incomoda e com idéias diferentes sobre como se pode agir.
Reconhecer nossos princípios, limites, utopias, tudo isso ajuda a manter a mente quieta e a espinha ereta, mesmo quando o coração não pode estar tranquilo.

As possibilidades são inúmeras. Podermos ser, que vontade de. Aquele sonho maroto: Superar o entendimento de que o personagem faz isso ou aquilo “porque é mulher”, e sim porque aquele personagem é aquele personagem, com suas características, anseios, motivações e idiossincrasias. Personagens que acertam, erram, conquistam, perdem, se machucam, se levantam, se protegem, se jogam. São. Fazem, Sentem. Únicos.
Eu já gostava de sushi, aí descobri o Poke.
O Sorriso de Monalisa é um filme triste pra caralho. A cena das bicicletas acompanhando o táxi é pra ser o equivalente à catarse do “oh, captain, my captain” mas não funciona assim, as saídas são tão poucas e improváveis para as meninas-moças-mulheres. No filme dos moços, o final é como se cada um representasse não só a si mas todos que potencialmente podem “se libertar”. É um vislumbre de autonomia. No final do filme das moças a gente tem que aceitar como satisfatório pequenos passos que são tão irremediavelmente individuais e não parecem anunciar mais que um respiro pra quem os empreende. Não é autonomia, liberdade, não há promessa ou horizonte, é sobrevivência.
E já que tô chutando o balde mesmo: não vi nada demais em Brienne chorar. Tenho ojeriza a essa idéia de que mulher forte é “que nem homem, não demonstra sentimento”. Pois eu quero mais é homem, mulher, menino e bacurim todo mundo chorando e rindo e sentindo e (se) revelando sem que isso nos torne menos valentes, capazes ou respeitáveis (coisas que Brienne continua sendo, tendo ou não o coração partido e o cotovelo doendo).
E sim, eu amo sem pejo.