Spoiler sobre passar três dias em Montevidéu: é pouco. Amei demais a cidade e já estou querendo voltar. No terceiro dia voltamos a passear pela Ciudad Vieja comprando ímãs e doce leite. Sim, até eu que não sou de doces fiquei viciada. Neste vai e vem paramos em um café muito fofo, o Café Brasileiro, fundado em 1877 e redecorado em 1920 (fica bem pertinho da praça Constituição). Claro que pedi medialunas.
Também foi dia de ver Candombe na rua, dia de visitar igrejas e, principalmente, dia do Museu Blanes. Eu curti muito esse museu, miúdo, aconchegante, focado e as pessoas que trabalham lá me pareceram extremamente simpáticas, bem informadas e disponíveis. Ficamos sabendo de um montão de fofoca.
Também foi dia de fazer a visita guiada ao Teatro Solís e sentir invejinha da política de cultura inclusiva de lá. O Uruguai é inspirador em vários sentidos.
No jantar, La Pulperia. Sim, todo mundo fala desse restaurante. Sim, é meio fora do centro. Sim, é sensacional. A carne, deliciosa… mas eu queria mesmo era falar da melhor batata noisette que eu já comi. Bebemos (enfim) medio y medio, comemos bem, o atendimento é excelente. A conta ficou 1.172 pesos uruguaios, para nós três.
É melhor morrer de vodka do que morrer de tédio, disse Maiakovski. Brindo a isso enquanto acontecem-me coisas surreais. Segue o meu perfil quando me vejo assim: cara a cara comigo mesmo. Ou seja, meio de lado. Um mosaico com rachaduras evidentes. Nostálgica, mas disfarço com o riso fácil. Leio de tudo e com desespero. Escrevo sem vírgulas, pontos ou educação. Dou um boi pra não entrar em uma briga, o resto já se sabe. Considero importantíssimo saber rir de mim mesma. Nem que seja pra me juntar ao grupo. Certa da solidão, fui me acostumando a ser boa companhia. Às vezes faço de conta que sou completa, geralmente com uma taça na mão. Bebo cerveja, bebo vinho e, depois das músicas italianas, bebo sonhos. Holanda, por parte de mãe e de Chico. John Wayne, por parte de pai. Borboleta e Graúna por escolha e história. Tenho uma sacola de viagem permanente no meu juízo e a alma, de tão cigana, não para em palavra nenhuma. Gostaria de escolher meus defeitos, mas não dando certo isso, continuo teimosa. Não sei usar a nova regra ortográfica. Nem a velha, talvez. Amo desvairadamente. E tento comer devagar. Sei lá, pra compensar, talvez. Tem gente que tem a cabeça no mundo da lua. Eu não. Quando vou lá, vou toda. Sou questionadora, mas aceito qualquer resposta. Aspecto físico? Língua afiada e olhos cor de saudade. Gosto de fazer o que eu gosto. No mais, preguiçosa. Sabia o que é culpa, mas esqueci. Nada mais a dizer, prefiro andar de mãos dadas. E dormir acompanhada. Mas, bom, bom mesmo é sal, se você já leu Verissimo.
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